Marilene Ferreira, era uma senhora de 60 anos que andava com vestimentas sempre discretas e uma voz suave e delicada. Era um exemplo perfeito do ideal feminino das décadas passadas, uma mulher recatada que passava horas e horas em sua casa preparando as refeições para seu marido e seus filhos. E assim foi levando durante décadas e décadas...
Marilene vivia na mesma casa fazia anos, não pretendia se mudar. Conhecia todos que moravam ali, até algo foi mudando, aos poucos seus vizinhos foram se mudando para apartamentos, seus filhos se casando e de repente seu marido chegou a falecer. Estava sozinha no mundo e teria que agora sair de casa e resolver todas as suas contas e procurar entender um pouco além de passar e engomar roupas.
No começo para ela era tudo muito complicado, as mulheres estavam totalmente diferentes, andavam com vestidos mais colados e mais curtos. Dirigiam seus próprios carros e não pensavam em se casar. Nas lavanderias a quantidade de homens e mulheres disputando uma máquina para lavar as roupas era a mesma. Os dois sexos andavam igualmente ocupados e disputavam por igual os mesmos empregos. Para a completa estranheza de Marilene.
A nossa personagem não sabia onde tudo aquilo teria se originado, quem teria sido a primeira mulher a tentar algo diferente e como ela teria feito. Ela ficou pensando no quanto as coisas mudaram e como teria sido sua história sem ter dedicado todo o tempo da sua vida ao seu marido e aos seus filhos. Então, ela teve a maior de suas dores de cabeça e resolveu retornar a sua residência.
Naquela noite, em sua oração pediu a Deus que a fizesse voltar para a década passada. Ela não suportaria viver naquela época em que o sexo feminino estava tão diferente, autônomo, independente. Ela não poderia suportar. Era pesado. E foi dormir.
Dormiu e sonhou que Deus teria resolvido atender seu pedido e ela retornou 40 anos de sua vida para o seu casamento. Ela agora estava com belos 20 anos, no entanto, foi no meio do juramento que o padre e conselheiro da região proferia suas belas palavras que Mari prestou atenção. Em suas palavras de Mestre, o ancião disse que "os dois noivos deveriam se amar independentemente da saúde ou da doença, da riqueza ou da pobreza, em perfeita harmonia e sintonia, deveriam estar em plena igualdade de sentimentos e de liberdade" e foi nesse momento que a Marilene de 60 anos e fora dos sonhos se questionou que em nenhum momento, a mulher deveria ser inferior ou subordinada ao homem. E ela acordou.
Acordou e foi lavar a louça, a roupa e a casa. E decidiu que sua vida poderia ter sido até então em vão, mas iria agora abrir a boca e dizer que ninguém nasce para viver para outro alguém. Ninguém é subordinado de ninguém. Somos todos livres, independentes. Podemos ir onde quisermos, por que temos meios para chegar e os nossos sonhos para nos guiar.
Marilene então decidiu que se casaria novamente. Queria o mais belo dos seus casamentos. Ela se casaria então com seus sonhos, com a sua própria companhia e não com outro homem.
Após a decisão, Mari conheceu 86 países em 10 anos e hoje vive em um asilo feliz das conquistas que teve e da vida que viveu. E se perguntarem para ela, se ela se arrepende de alguma coisa de ter feito, ela disse que se arrepende de não ter sido a mulher da mudança. A novata das idéias e das concretizações.
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