terça-feira, 26 de julho de 2011

Análise do #nataldasantigas e #mossorodasantigas

"Socorro, o pessoal enlouqueceu!" "Eu não agüento mais! É #nataldasantigas para cá , é #mossorodasantigas para lá. Chegaaa!"

Estamos vivenciando um período que todos querem manifestar a sua opinião. Uma boa parte da população está com acesso fácil a internet (lan houses, telecentros, modens, entre outros). Sendo assim todos querem contribuir com informação e opinião.

"A internet se tornou a voz e o canal para a dispersão de vozes. Vozes que falam sem parar, todos querem ser ouvidos. Todos falam sobre tudo e sobre todos"

Várias são as manifestações grandiosas que vemos na internet. Entre elas podemos destacar a #ondaverde proporcionado pelos militantes de Marina Silva (Ex-Pv); depois pelos manifestantes do #ForaMicarla, criado por jovens contrários a administração da prefeita de Natal, Micarla de Sousa.

São fenômenos políticos, sociais que invadem nossa ‘timeline’ linha do tempo-linha de leitura. E aceitando ou não, acabamos consumindo a informação. E quanta informação!

Esses dias observei o fenômeno do #nataldasantigas e #mossorodasantigas. Um fenômeno que tentava resgatar fatos históricos de duas importantes cidades do estado do Rio Grande do Norte.

Contudo, o tópico que passava mais por vias cômicas acabou irritando muita gente. Muitos diziam que era só mer... e que toda aquela dita ‘brincadeira’ era perda de tempo.

Sendo assim, tentei análise daquele momento, daquela manifestação. O que ela tem de interessante? Será que nada? Vejamos...

Nos tópicos pesquisados, uma grande parte do volume da informação se diziam insatisfeitos com a segurança publica. ‘Tweets’ como "Andar sem ter medo de ser assaltado #nataldasantigas" ou "Flanelinhas eram só flanelinhas e não assaltantes #nataldasantigas" eram alguns deles.

Desprezível o comentário? Acho que não. Denúncias sérias? Acho que sim. Mas não pára por aí.

"Brincar de ‘biloca’ com os amigos em frente de casa #mossorodasantigas" esse comentário seguia outra linha. O registro, o recorte sociocultural de uma sociedade que mudou drasticamente nos últimos anos.

Uma sociedade que está interiorizada dentro de quatro paredes e dentro de uma tela de computador. Não temos mais tempo para brincadeiras na rua. E para que?

E pense na quantidade de comentários que enumeravam a diferença entre as gerações. Diferenças gritantes. Valores que até chegam a se contrapor, em alguns casos.

E ainda dizem que os ‘tweets’ eram desnecessários. Nessa questão, me lembra aquele velho ditado "não se fazem crianças como antigamente".

Brincadeiras e segurança pública de lado, observamos que a rivalidade histórica entre as cidades também apareceu na tag (#) ou marcação. Mais uma vez ressaltamos a questão histórica entre os habitantes de cada cidade.

Quem já leu Câmara Cascudo sabe o que eu estou falando. CC sempre brincava dizendo poemas de natalenses contra natalenses, natalenses contra mossoerences, mossoerences contra mossoerences. Faz parte da cultura mundial - sermos diferentes.

No entanto, descartamos todas as manifestações baixas, vulgares, sem mérito nessa discussão. Uma vez que essa discussão, 'briga' não irá acrescentar em nada a questão.


Retomando a questão principal desse artigo, a história de um povo nasce no momento do dia-a-dia. Das conversas informais. Só assim saberemos quem um dia fomos e o que nos tornamos.

Eu quero dizer que nunca, mas nunca diminuam qualquer movimento, qualquer conversa, qualquer brincadeira na grande rede. Mesmo que seja a mais banal de todas. Tudo tem um sentido, tudo provoca um sentido.

A sociedade de hoje está reconhecendo, de fato, a sua pluralidade com o uso intensivo das redes sociais. Nunca na história da humanidade ouvimos tanto como estamos ouvindo agora.

Permita, esteja preparado para ouvir e para ser ouvido. O mundo precisa disso.

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