quarta-feira, 11 de abril de 2012

O velho que sabia demais e o noviço rebelde

Quando entrou no curso de jornalismo, ele achou que podia construir um mundo melhor. Sair com uma câmera e fotografar, filmar todas as desigualdades sociais. Achou que viajaria o mundo e que o patrocinariam. Seus vídeos e fotografias seriam valorizados e que poderia até ganhar prêmios com isso... Mas os sonhos foram esmagados pela realidade desde o primeiro semestre.

No primeiro semestre, o noviço rebelde, conheceu o famoso velho que sabia demais. Esse o já desencorajou nosso jovem sobre seus ideais e metas. Disse que o mundo não precisava de idealizadores e sim de contribuintes. Todos entravam rebeldes, mas o desejo de mudança durava no máximo 4 ou no máximo 05 semestres.

Após tudo isso, ele ainda tentou. Pegou uma câmera emprestada por amigos e fez alguns vídeos. Todos sem sucesso, pois ninguém se interessava pela divulgação. Passado algum tempo, alguns meses, começou a se interessar pelo curso e se dedicou ao jornalismo da apuração de notícias.

O velho que sabia demais reconhecia o potencial do noviço rebelde e assim que o viu interessado, passou a chamá-lo para compor sua equipe de trabalho. Depois de um tempo, era o melhor estagiário e já tinha esquecido todos os seus projetos antigos.

Mas uma coisa que ninguém sabia é que o velho que sabia demais já foi um noviço rebelde. Entrou também com grandes ideias, entretanto, os planos mirabolantes foram sendo apagados e deletados um a um pela realidade.

Sempre que um noviço rebelde cansa de lutar pelos seus ideais, este se transforma nos velhos que sabem demais - difícieis de serem batidos.

sábado, 7 de abril de 2012

Há jornalista para cada gosto e estilo


Não existe uma profissão mais plural que o jornalismo. São pessoas com diferentes habilidades, gostos que se reúnem para escrever e narrar a sociedade para a própria sociedade. E pensando nos vários estilos, descrevi alguns deles que convivi:




Jornalistas-poetas: no lugar de simplesmente noticiar, estes revelam bons escritores de livros com bastante dramaticidade e riqueza nos detalhes. Infelizmente, na correria dos meios de comunicação, estes poetas da informação são obrigados a seguir a prática convencional - noticiar os fatos. Contudo, surgiu um espaço para eles chamado: jornalismo cultural onde eles podem mergulhar nas emoções. Algumas revistas já estão focando nessa nova área;

Jornalistas-celebridades: São muitos. Sonham quando entraram no curso: ficar famoso. Se espelham muito em Fátima Bernardes e William Bonner. Geralmente, são aqueles que optam pela Televisão (seguindo seus mestres), mas podem ir para outras áreas também. São vaidosos e bem cuidados (na maioria dos casos!);

Jornalistas-mundo-sonhador: Entraram no curso querendo cobrir uma guerra e se não der nada certo apenas ser correspondente internacional (só isso!). Assistiram muito Caco Barcellos em suas andanças pelo mundo. Estes possuem instintos humanistas e querem, como ninguém, melhorar o mundo em que vivemos;

Jornalista-publicitário: É aquele que gostaria de ter feito publicidade (e também são muitos - acho que só perdem para os jornalistas celebridades). Prefere escrever pouco e com frases de efeito. Vive saindo com o diagramador, os publicitários da redação e os profissionais de Rádio e TV;

O sanguinário: Geralmente é o antigo da editoria de polícia (hoje virou, na maioria dos jornais a editoria de Cidades). É do tempo do Código de Menor e adora fotos polêmicas e sempre recheadas com sangue. Não é fã do Estatuto da Criança e do Adolescente por que este não aceita a linguagem da classe;

Há os jornalistas que são donos de blogs: Trabalham desde os grandes centros urbanos até as pequenas cidades. São os informantes de tudo o que acontece. Alguns escolhem alguma editoria, enquanto outros falam sobre tudo. São seres que merecem respeito pelo importante trabalho que fazem. Sem eles, a informação teria distância limite.

Repórter-fotográfico: Os olhos do jornal e da sociedade. É aquele que retrata em uma pequena tela toda a dramacidade do momento. Mexe (com todo o apelo visual) com nossas emoções. Hoje, ele já está escrevendo, fotografando e filmando (daqui a pouco todos farão isso).


Os ditadores, opa, os editores: São os mais experientes dos jornais. Possuem cargos de confiança por que conhecem a rotina do corre-corre e se deram bem no passado. Editores são os responsáveis pelas frases mais temidas e aclamadas pela redação, como por exemplo: "Tá grande demais, corte um parágrafo", "Falta uma hora para o fechamento da edição", "João, cadê seu texto? É pra hoje ou para amanhã?", "Só isso? Apure mais", "Parabéns, o dono do jornal mandou parabenizá-lo. Você captou a essência";

Jornalista de economia: Seu dever é transcrever dados, uma tarefa árdua para jornalistas/humanas que naturalmente odeia matemática (na maioria dos casos escolheu o jornalismo por que nunca iria mais ver matemática). Os que são bons com números (raridade) tem emprego para o resto da vida, entretanto, são frequentemente esquecidos nos jantares e outras confraternizações.

Jornalista-esportivo: o mais fanático de todos (pera, também tem o político). É aquele que escolheu o jornalismo por que queria entrar em todos os jogos do seu time de graça e queria escrever a vida toda sobre o seu hobby. Não existe imparcialidade nessa área. Quando o time dele ganha, pode escrever 50 linhas, entretanto, quando o adversário ganha, escreve apenas o necessário e ainda fala do campo, da grama, do técnico;

Pauteiro: É aquele que passa todas as informações do que deve ser feito. Depois de muito tempo dizer que é filho de pauteiro é sinônimo de preguiçoso. E ninguém nunca perguntou o que o pauteiro acha disso. Ele também pode ser o editor;

Tem o famoso repórter político: aquele que é incansável, não desiste nunca. Para alguns, os mais chatos da redação. Mexem com gente grande e precisa de muita coragem para fazer um bom trabalho. São corajosos e precisam de muito "expertise", se não, caem na pobreza de apuração. Geralmente só falam sobre isso, é amor demais;

Assessor de Imprensa: o amado e odiado. O aperriador dos telefonemas alheios. Uma coisa é certa: assessor nunca sabe quando ligar para o editor ou o repórter, por que sempre atrapalha alguma coisa. Vivem separados dos demais. Alguns até se acham especiais, mas são filhos da mesma comunicação. Dizer que sofrem menos com o Deadline é brigar com a classe. (mas sofrem menos sim);

Os recém-chegados: jornalistas-twitteiros: São os novos jornalistas, os especializados em mídia social. Diferente dos antigos, precisam saber de linguagem de computação, marketing, design, eletrônica, etc. São aqueles que adoram Twitter, Facebook, Foursquare, Instagram e etc. Estão na profissão que pediram a Deus;

E claro, os desiludidos: Aqueles que passaram quatro anos e meio no curso, mas que não conseguiram vencer os preconceitos da sociedade. Aqueles que o mundo também não aliviou e desistiram. São pessoas que na maioria das vezes não vivenciaram a prática de correr atrás de uma pessoa faltando uma hora para o fechamento da edição, ou que sonha em construir um quadro com as suas melhores matérias ou que vai mudar a vida de alguém com sua publicação;

Nota própria: ninguém me disse que ser jornalista seria fácil. Por que não é. Quem é jornalista sabe. Está sempre na rua, observando o movimento das coisas e pronto para escrever. É um detetive por natureza, herói do cotidiano, poeta e amante das palavras, é um Clark Kent ou mulher maravilha nas seis horas (em teoria) que trabalha, mas é um apaixonado pela vivacidade que a profissão propicia;

E para todas essas pessoas que vivenciam essa correria, essa realidade, eu desejo um Feliz Dia do Jornalista. E muito sucesso!