terça-feira, 20 de julho de 2010

Entre arrobas (Twittando 3)

@GuntherGuedes: Frases do msn: "Amigos cadê vocês? Estou sóbrio! Péssima forma para passar o dia do amigo!".

@pensador: A infelicidade tem isto de bom: faz-nos conhecer os verdadeiros amigos. --Honoré de Balzac

@GuntherGuedes: Hoje é dia para agradecer a todos que estão todos os dias ao seu lado. Feliz dia do amigo pessoal.

@valeupo: Todo mundo se conhece, mas ninguém se conhece de verdade

@GuntherGuedes: Quando você começa a se aproximar de uma nova transiçao da vida, você acha que seus medos são maiores, e eles são de fato. (...)

@GuntherGuedes: No entanto, sua capacidade também aumentou. Resta saber se aumentou na mesma proporção dos medos.

@GuntherGuedes: Meus medos mudaram, não tenho mais medo do escuro ou do monstro do armário, hoje tenho medo de nao ganhar dinheiro aos 30 anos.

@GuntherGuedes: Fato: Em Natal não existe faixa rápida.

@famousphrases: Uma discussão prolongada significa que ambas as partes estão erradas.' Voltaire

@ famousphrases: Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiracão, pois um dia você se decepciona. Ame apenas.' Madre Teresa de Cálcuta

@GuntherGuedes: Denúncia: "Roubaram" a estrada de Brejinho para Santo Antônio Salto da Onça. O asfalto sumiu.

@GuntherGuedes: Recomendação¹: Se você tiver uma família grande, aproveite o tempo com eles, você vai ver que sua família é ótima e está perto de você.

@GuntherGuedes: Recomendação²: Conheçam Serra de São bento no RN é fuderosoooo! Paisagens deslubrantes no alto da serra. Culinária show de bola!

@GuntherGuedes: Revelação: Os galos não começam a cantar de 5h da manhã, eles fazem previas a cada meia hora a partir das 1h.

@GuntherGuedes: A puberdade de hoje faz as meninas falarem grosso e os meninos agirem iguais a Justins Biberes.

domingo, 18 de julho de 2010

Caso Bruno, um detalhamento do suposto assassinato

Talento com as mãos e mente problemática, foi assim que muitos amigos do ex-goleiro do flamengo, Bruno Souza, descreveram sua infância e adolescência. Ele vivenciou vários problemas de relacionamento entre seus pais, brigas, discussões, mentiras. Tornou-se um rapaz agressivo e tentando ser independente. Saindo de seu histórico familiar, com o passar do tempo foi reconhecido por ser um grande goleiro, passou por poucos times até chegar ao Flamengo, no qual fez história. Garoto de muitos sonhos queria ser igual, ou melhor, a Marcus (antigo goleiro da seleção), e Júlio Cesar, ele queria estar na próxima Copa do Mundo, a de 2014, a Copa do Brasil.

“Seus sonhos sempre direcionavam suas atitudes”, pelo menos era isso o que a mãe do jogador dizia, até que entre os dias 05 e 08 de junho deste ano a jovem Eliza Samudio desaparece, e a principal suspeita do seu desaparecimento era o ex-goleiro do flamengo, o suposto pai do filho de Eliza que lutava na justiça contra a pensão alimentícia e o reconhecimento da paternidade desde agosto de 2009. Segundo o advogado da família, Bruno já teria ameaçado Eliza, exigindo o aborto, o que não fora atendido.

Em meio a uma cobertura midiática intensa e desgastante, para muitos, surgiram comunidades em sites de relacionamento favoráveis e contrárias ao goleiro. Algumas pessoas o acusavam mesmo sem ter provas suficientes para o fato, enquanto outras o defendiam pedindo cautela e cuidado, pois aguardavam o fechar do processo. Até que em 08 de junho, segundo a polícia do Rio de Janeiro, foi encontrado marcas de sangue no carro de Bruno e a situação do goleiro começava a agravar.

No mesmo mês, dia 26, o filho de Eliza Samudio foi encontrado em uma casa no interior de Minas, o que aumentava as suspeitas da polícia de assassinato. Bruno já estava sendo investigado pela polícia de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Até que em 6 de julho um menor de idade que estava na casa do goleiro assume a participação no crime, ele revela os envolvidos e uma nova fase de investigação passa a ser apurada. Em algumas horas, seis viaturas da polícia do Rio de Janeiro passam a procurar o ex-goleiro do flamengo, foragido pela cidade.

Segundo alguns pesquisadores da área de comunicação social, a cobertura jornalística e policial foi muito intensa, e até demais. Essa manipulação de informação chegou aos tópicos mais comentados internacionalmente do microblog, Twitter. Além das piadas no Twitter, o assunto que mais foi comentado foi quando o goleiro se entregou e o depoimento do menor de idade afirmando que Bruno estava dentro da casa quando Eliza foi assassinada.

No final das investigações, a polícia mantém as buscas pelo corpo de Eliza, na qual alguns sites dizem que fora cortado e entregue para cachorros, outros dizem que a cabeça da jovem foi encontrado dentro de uma mala de viagem. O fato é que a polícia continua a procurar o corpo da jovem no sítio de Bruno em Minas Gerais, na casa dos envolvidos. A polícia dos dois estados pede ajuda para aqueles que saibam de algum fato novo sobre o caso (http://www.policiacivil.mg.gov.br, http://www.policiacivil.rj.gov.br).

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O vendedor de Trufas, Bruno

Meio da tarde, o sol começa a enfraquecer, deve estar passando das 16h. E lá vem ele. Sempre de bermuda verde escura, suada, suja e bastante velha. Suas camisas também já decorei, ele possui uma branca com uns detalhes cinzas e vermelhos, uma camisa amarela com uns detalhes brancos e uma preta com uns detalhes brancos, um desenho japonês que não consigo identificar.

Vem com seu isopor embaixo dos braços, anunciando o seu produto, as trufas que sua mãe prepara. Cereja, brigadeiro, avelã, morango, prestígio, crocante, entre outros sabores. Qualquer sabor sai por apenas 1 real. Ele diz que ao contrário dos outros, não quer dinheiro para formatura da faculdade, por que nem idade de faculdade ele tem, ele tem apenas 15 anos, ele quer apenas ajudar a mãe.

Muita gente não está nem aí para a história do menino que vende trufas, afinal história triste para a maioria é contada quase todos os dias no programa do Gugu, da Eliana, do Ratinho, do Luciano Huck, da Sônia Abrãao, e de tantos outros. Eles querem se deliciar da barata e apetitosa trufa.

Passado algum tempo, como estudante de jornalismo, e interessado cada vez mais em fazer curtas-metragens para colocar em festivais e concursos, por que tinha acabado de ganhar uma câmera filmadora, fui atrás do menino para saber a sua história, e ao descobrí-la, vi que mais uma vez muita coisa que eu pensava mudaria. A frieza jornalística de narrar por narrar não era comigo.

Morava em uma pequena vila do alecrim, seus pais divorciados, não conhecia seus irmãos, seu pai vivia no mundo, alcoolatra, viciado em inúmeras drogas e não reconhecia o filho quando o via. No entanto, sua mãe, simbolo de força, pessoa destemida, corajosa que teve que dar de sustento ao filho, mesmo sem nenhuma especialização, graduação, sem ter ao menos terminado o segundo grau completo. Até aí, muitas histórias parecidas pelo Brasil.

Bruno, como irei chamá-lo daqui em diante, e sua mãe estavam sentados em uma tarde normal, daquelas iguais que parece que nada vai acontecer. A mãe de Bruno normal, reclamava, apenas, do dedinho do seu pé, que estava dormente o dia inteiro, e Bruno reclamava de uma dor de cabeça, por ter sido exposto ao sol por período prolongados. E assim terminou o dia.

Passado alguns dias, Bruno não sentira mais dor de cabeça, usara boné e óculos escuros para vender as trufas. A dor de cabeça era uma coisa passageira, no entanto, a dormência do dedinho do pé de sua mãe parecia se prolongar por algum tempo. Alguns amigos disseram que podia ser sangue preso, ou seja, má circulação, falta de exercício. Afinal, ela cozinhava o dia inteiro as trufas e seu caminhar resumia a passar pano e ir na janela conversar com as pessoas da vila. Esperou mais algum tempo.

O tempo foi passando, pessoas comentando e a dormência continuava. Foi no médico, não encontrou nada, estranhou, mas passou vitaminas, e um remédio para caso de dores. Até que alguns dias depois, a dormência passou para os outros dedos dos pés e para o pé inteiro. Tocar o chão era uma dor insuportável, o peso de um pé "morto" era demais, e era necessário ir ao médico o mais rápido possível. Aquela dormência não era normal. E ela realmente não era.

Com um diagnóstico mais preciso, ela conseguiu ajuda do seu antigo chefe para viajar para São Paulo, e lá foi constatado que aquela dormência faz parte de uma doença rara e degenerativa, uma síndrome neurológica de evolução progressiva que se apresenta com manifestações oculares, motoras e mentais. Dificuldade na marcha, paralisia bulbar, demência e uma oftalmoplegia supranuclear são características singulares da Paralisia Supranuclear Progressiva. O que a mãe de Bruno possuia.

Registrados atualmente em pouco mais de 100 casos no Brasil e no mundo, as possíveis causas eram muitas, desde uma queda, até uma paralisia no cerebro, uma doença hereditária, uma má formação na construção do DNA da pessoa. As causas eram várias e a cura, então, inexistente para aqueles médicos. Bruno e sua mãe eram de longe católicos fevorosos, mas acreditaram que só assim poderiam vencer essa dificuldade. E venceram, pelo menos em parte...

A doença depois de meses e ter parado metade do corpo e ter atingido as mãos e causando uma certa semelhança com o Mal de Parkinson e o Mal de Alzeimer, pois a mãe tinha certos esquecimentos passageiros, Bruno e sua mãe acreditavam que a doença tinha realmente estabilizado. E estava na hora dele aprender a fazer as próprias trufas e vendê-las. Como nunca teria tido um pai, não necessitaria dele naquela hora. Eram apenas os dois.

Passado algum tempo, Bruno começou a vender em universidades, colégios, passou a projetar suas caminhadas, pegando o horário de saída das crianças nas escolas e depois, a tarde, entrando no campus universitário para vender suas trufas. Os setores que mais faziam sucesso eram os de humanas, por que segundo ele, tinham mais mulheres e elas gostavam mais do chocolate e dele.

Na volta, ele dizia que não tinha horário para voltar, dependia exclusivamente das vendas de sua trufa. Algumas vezes voltava às 15h, outras apenas as 17h. Era incerto. Só não podia voltar após às 18h, por que já era escuro e precisava fazer as do dia seguinte, dar banho em sua mãe, colocar o jantar, já que a vizinha, a que cuidava da sua mãe o dia inteiro, só podia ficar até as 18h. E assim fez durante um bom período de 05 meses.

Ao final do quarto mês, a doença de sua mãe voltou a apresentar evolução e não demorou um mês para que a paralisia total fosse completa. Ela morreu, e seu filho, paralisado, por que não podia fazer absolutamente nada para impedir a evolução da doença. E paralisado, literalmente, ficou por algumas horas.

Passada as horas de angústia e desespero, decidiu que era hora de continuar, seguir em frente, e não se deixar parar. Parece até cenas de filmes, mas para ele era difícil ver como um filme, no qual naquele momento não vemos finais felizes. Mas ele só viu que tinha que se manter e novos problemas apareciam. Aos 14 anos, não poderia morar sozinho, deveria recorrer a um parente próximo. Não podia nem sequer chorar sozinho pela morte de sua mãe.

O conselho tutelar junto com a promotoria da Criança e do Adolescente o acompanharam para sua avó materna que o cuidou. Ela não gostava que ele vendesse trufas, mas a sua aposentadoria não suportaria alimentar os dois e o pai embriagado que ele tinha. E é verdade, a avó materna sustentava o pai de Bruno.

E vendo ou não final feliz nessa história, assim termina essa história, conversei com ele, um dia desses, enquanto devorava uma trufa de brigadeiro e descobri que ele continua fazendo as trufas, consegue um dinheiro muito bom, paga suas coisas, roupa, material da trufa, passagens e até festas no final de semana. Encontrou uma namorada e voltou para escola. Atrasado, mas voltou. Seu pai continua embriagado pelos cantos e sua avó está muito bem. E brinca dizendo que não quer que sua história seja contada pelo Gugu, Ratinho, sua história fica assim, contada por quem o conheceu.



Entre arrobas (Twittando 2)

@GuntherGuedes: Joguei basquete...é... na verdade, jogar é uma coisa muito complexa, requer corridas, partidas mais energicas. Ficamos apenas arremeçando.

@GuntherGuedes:
Importante: Recicle Óleo de cozinha usado em Natal leve para: o Extra, o HiperBompreço e o Nordestão. #Reciclagem

@GuntherGuedes: Importante: Recicle Pilhas/baterias em geral no Banco Real e no Nordestão.

@GuntherGuedes:
Políticos façam algo de útil, lançem campanhas como esta de reciclagem de oléo de cozinha usado e reciclagem de baterias e pilha. Obrigado.

@GuntherGuedes:
Aos amigos: "Liguei só para aperriar" é o mesmo "estou com saudade". Obrigado.

@GuntherGuedes:
Tenho saudade das propagandas televisivas que não saiam da nossa cabeça.

@GuntherGuedes: Boa tarde a todos que estão em frente a um pc e se perguntando por que não está dentro de um carro com todos os amigos, viajando.

@GuntherGuedes:
Boa tarde a todos que estão em frente a um pc e se perguntando por que não está dentro de um carro com todos os amigos, viajando.

@GuntherGuedes:
Seus desejos podem não ser os meus.

@GuntherGuedes:
Alguns comentários só servem para rir. Ainda procuro outras utilidades.

@famousphares:
Quanto maior são as dificuldades a vencer, maior será a satisfação.' Cícero

@famousphares:
Aquele que procura um amigo sem defeitos termina sem amigos.' Provérbio Turco

@GuntherGuedes:
Eu conheço o formato e a cor dos seus olhos, mas não conheço as suas intenções. Boa Tarde.


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Absurdo


Nem todas as pessoas que vivem em São Paulo, sejam paulistas, cariocas, sulistas, capixabas são tão preconceituosas como essas pessoas que vemos na imagem falando mal de nós nordestinos. Devemos combater qualquer forma de preconceito, mesmo que não nos atinja diretamente.

O preconceito acaba, destrói com qualquer sentimento de democracia, respeito e cidadania de um país. Aceitar pré-conceitos, conceitos cristalizados e destruidores é uma forma de negar a convivência com os demais. Não tenho PHD em um país de primeiro mundo, mas sei que não aceito pessoas que acabem, diminuem as outras. Não preciso disso para mostrar minhas aptidões e qualidades.

Entre arrobas (twittando)

@GuntherGuedes: A poesia que tento fazer são para todas as pessoas, mas minha fonte de inspiração é você.

@GuntherGuedes:
Tentei seguir seus passos de dança, vi que não são para mim, resolvi, então, apreciar a melodia.

@GuntherGuedes:
Estou de férias, falta agora só ficar rico para colocar todos meus projetos para frente.

@
famousphrases: Não importa qual seja a verdade, as pessoas vêem o que querem ver.'

@GuntherGuedes:
Queria tanto saber por quem Mick Jagger vai torcer para presidente do Brasil.

@GuntherGuedes:
Eu queria saber o que está por trás dessa manipulação de informação que envolve o nome de Bruno, goleiro do flamengo.

@GuntherGuedes:
Quantos Brunos existem na nossa cidade, no nosso bairro e não retratam dessa forma. Tem alguma coisa por trás.

@bomdiaporque:
Você se preparou a vida inteira para ser presidente de uma empresa? Eu me preparei a vida inteira para ser um aposentado.

@GuntherGuedes:
Não sorria quando não está tudo bem. Mostre-se. Seja corajoso (a).

@GuntherGuedes:
Um segundo de afastamento e de indirença revelam as verdadeiras amizades. Os verdadeiros sentimentos.

@FrasesdoCalvim:
Espero que minha autópsia revele que minha boca grande foi a causa de minha ruína.

@dinha_miranda:
Chega de reticências. Ficar esperando. Sofrendo. Contando saudades. Se o amor não é possível, o melhor é colocar um fim. E ponto.

@famousphrases:
'Cada amigo que ganhamos no decorrer da vida nos aperfeiçoa e enriquece, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que revela de nós mesmos.'

@GuntherGuedes:
As musicas me lembram as pessoas. Algumas são feitas para dançar, outras para escutar, algumas marcam, outras não e passa para a próxima.

@therufinojr:
Se não fosse jornalista? Bom... Então eu queria ser rico!

@GuntherGuedes:
As vezes só quero uma coisa diferente. Para mudar radicalmente meu dia e meu humor. A normalidade geralmente cansa.

@FrasesDoCalvim:
A vida deveria ser como as comédias da TV e todos os nossos problemas serem resolvidos em hilariantes 30 minutos.



Conhecendo Charles e sua vida

Tinha nome de rei, mas de rei não tinha absolutamente nada. Seu nome era Charles e vinha de uma família conhecida do interior do estado do RN. Era filho de um casal conhecido, "famoso" do interior, eram detentores de grandes lotes de terras e de várias cabeças de gado (riqueza do interior). Sua família buscava sempre ajudar aos mais necessitados. Todos eram tratados como iguais, filhos e empregados.

Alguns anos após, seus pais deixaram o mundo, primeiro seu pai, logo após sua mãe. Muito pequeno, com exatamente três anos, não entendia direito das consequências daquela partida tão absurda para os olhos de toda a cidade. Não perdera tempo pensando muito, continuara brincando no cercado, no mato, no curral com os criados. Foi assim que passou toda a sua infância e juventude.

Liderados agora pela sua irmã mais velha e seu marido, recém casados, eles assumiam todos os afazeres e contas da família, tentavam dar de comida para cinco irmãos e mais uma filha que estaria para nascer. Charles não entendia muito, era o mais novo da família, pegava ovos e os atiravam contra todos que passavam na rua. Eram dias aparentemente comuns.

Aos poucos, suas irmãs foram se casando com homens respeitosos, detentores de grandes terras, de comércio e de prestígio. A primeira, depois da irmã mais velha, se casou com o homem político, detentor de grandes terrenos, lotes de terra, de fazendas com grandes lagos, "açudes" como chamam os lagos no interior. A segunda casou com um comerciante e donos de frotas de taxi, ele gostava de viagens caras e de muito luxo, as duas estavam então "bem encaminhadas".

A última, e irmã mais velha por apenas um ano, se casou com um comerciante não muito rico, um homem generoso, amigável, gostava de agradar a todos da cidade. Domingo era dia de receber a família para almoço em sua casa. Mandava matar galinhas, comprar carne de gado, fazia o prato favorito de todos da família. No entanto, foi o primeiro a deixar o mundo, e sua irmã nunca mais se casara.

Charles, criado com os empregados da fazenda optou por casar com uma simples filha de família de criados, sem dinheiro, sem prestígio, e sem condições para se manter. Abrigaram-se em uma casa de frente para um curral fedido. As moscas e o mau cheiro eram os seus vizinhos e principais desculpas para negarem uma visita para Charles e sua esposa.

Parece até uma história contada nesses filmes sensacionalistas, mas é uma história verdadeira. Ao contrário dos filmes, o nosso personagem não é triste, decepcionado, amargurado, pelo menos não aparenta. Ao conhecê-lo, reconheci um homem de um sorriso tranquilo, sorriso de bondade no jeito de tocar, conheci um anjo na terra.

E como nunca soube que anjos poderiam ter filhos, Charles era incapaz de ter filhos, teria alguma enfermidade, má formação genética que não possibilitara de ter filhos. Agora, como homem mortal teve momentos felizes e tristes. Descobriu também que teria adquirido Mal de Alzeimer e Mal de Parkinson, mas não perdera o sorriso.

Retornei a sua casa, depois de longos anos, 10 anos. A mulher de Charles estava muito feliz podia ver em sua boca magra, em suas mãos secas devido ao sabão em pó e queimadas em virtude da exposição prolongada ao sol. Charles ria com encanto ao perceber que recebera visitas, acredito que não se importara se os visitantes eram conhecidos ou não, eles eram o mais importante, suas visitas.
Devido a idade não falava mais frases completas, babulsiava em suas tentativas. Tentava conversar, ao perceber que não entendíamos, ele apontava. Dessa vez apontara para a mesa, onde sua mulher, conhecida como Madrinha, preparava a mesa para o almoço.

Sentou-se primeiro, no canto da mesa, naquela cadeira que as pessoas do interior brincam dizendo que é o lugar de quem vai pagar a conta, acredito que estava feliz em ser o anfritrião da casa, seu sorriso demonstrava isso claramente. Madrinha servia a todos. Charles, no entanto, não conseguia comer, se incomodava com as moscas em seu prato, sua mulher preferiu se dedicar a assustar as moscas enquanto ele comia, ela fez isso durante todo o almoço.

Arroz, feijão e galinha caipira, esse era o almoço. Confesso que no começo estava irritado com as moscas e o mau cheiro, mas aquela cena de Madrinha e o sorriso de Charles me encantara de um jeito que teria mudado completamente meu humor, e o meu nariz perdera a importância. Acho que a minha visão era o que mais me importava naquele exato momento.

Ao terminar o almoço, Charles pediu para que esperar sua esposa almoçar e assim o fizemos, foram 20 minutos observando e conversando com Madrinha e vendo o sorriso e o olhar de alegria que Charles depositara aos presentes daquela refeição. Me levantei, fui deixar os pratos na pia, ao fazer isso, notei a quantidade de farelos que estavam espalhados no chão e na mesa, eram o sinal claro do Mal de Parkinson em C.

Terminada a refeição, o anfitrião nos apontou um local que ele queria nos mostrar, foi andando lentamente com a ajuda de sua bengala de madeira, e com tremedeiras na mão e nas pernas chegou a sua cadeira e posição que segundo Madrinha passara a maior parte do tempo sentado. A vista parecia simples, o terraço era de frente para o curral, alguns bois e vacas estavam sentados, era quase 16h. E nas poucas palavras que ele me disse, foram: elas estão se preparando para dormir.

A poeira foi baixando com a intensidade do movimento dos bovinos para dormir, sentados e observando a cena por meia hora, e com algumas interrupções para tomar água, notamos o que Charles queria nos mostrar, o Sol estava se pondo e a vista era incrível. Um pequeno lago mau cheiroso, verde, abandonado, agora refletia o laranja do sol, e na parede da casa de Charles você percebia o contraste entre o verde, entre o azul e o laranja do pôr do sol. Repito, era uma vista incrível.

Meus pais que me acompanhavam disseram que já estava tarde e deveríamos ir, meu pai quem estava no voltante nao gostava de dirigir a noite, e ainda mais por que naquela noite teria a festa da padroeira na cidade, pessoas embriagadas por todos os lados. Nos despedimos de Charles, agradecemos o almoço, abraços e abraços e fomos embora. E ele continuou olhando para a vista.

Ao sair tive uns arrepios gelados, parecia que algo de outro mundo tinha passado por mim naquele momento, e não sabia o que era e sendo assim escrevi esse relato. Esse relato só foi publicado agora, quando soube da morte de Charles há pelo menos um mês. Eu tinha esquecido do relato e de tudo que aprendi sobre as pessoas. Portanto, não esqueça do que aprendeu com os antigos, veja se o que aprende com as pessoas novas vale realmente a pena.