sábado, 26 de março de 2011

Hora do planeta

Todas as televisões estavam ligadas. As pessoas falavam isso em suas redes sociais e até os que não entendiam direito de Twitter, orkut, facebook e outros recursos tecnológicos do século XXI sabiam da existência da iniciativa da WWF. A hora do planeta estava, de fato, no dia-a-dia da sociedade.

Segundo os principais jornais, era obrigação de todo cidadão saber que no dia 26-03-11, as pessoas desligariam suas luzes, computadores, televisões e outros aparatos tecnológicos ligados a energia por apenas hora. E ai daqueles que não desligassem...

Sabendo disso, um casal de idosos estava em sua casa quando receberam uma ligação. Era um dos seus netos, Hugo, lembrando aos dois a hora do planeta e o que eles deveriam fazer. Hugo tinha por volta dos seus 10 anos e foi aconselhado pela sua professora de quinta série que deveria avisar o maior número de pessoas e ajudar o planeta a se recuperar. Como se ainda pudesse...

Saindo da inocência dos 10 anos e de mundos de brincadeiras, os idosos atenderam o pedido do seu neto. Saíram desligando tudo em sua residência. Desligaram o rádio, a televisão, a geladeira (o que todo mundo esqueceu de desligar), o microondas, e tudo o que lembraram. E não sabiam o que fazer, mas ao contrário dos outros, eles não ligaram novamente... eles resolveram que iriam voltar aos velhos tempos, e assim o fizeram.

Foram em seus quartos, pegaram roupas de frio, foram a cozinha e pegaram algumas frutas na cesta. Cortaram alguns pedaços de queijo, abriram um bom vinho para ele e uma garrafa de suco para ela e foram se sentar na varanda de seu apartamento. E por ali ficaram durante um bom tempo...

Assistiram a quase todo o espetáculo consciente. Viram da varanda de 7 metros quadrados que poucos se lembraram ou foram avisados da hora do planeta. Muitos permaneceram em seus computadores, outros na televisão, outros até deram uma festa com globo de luzes e outros aparelhos modernos que vemos em filmes... eles não tinham netos chamados Hugos para alertá-los, assim pensaram.

E quando estavam tristes com a quantidade de pessoas desavisadas, eles olharam para cima, viram que em cima daquela cidade que despreza sua natureza, existia um céu estrelado e intenso. E fizeram um pedido: que nenhum outro planeta dedique apenas uma hora de sua vida de milhares, ao seu planeta que vem tentando brilhar e sobreviver por milhões.

terça-feira, 22 de março de 2011

Ciclo da água


Pedro e Marina, dois alunos da quinta série de uma escola da cidade, estavam conversando sobre o dia mundial ao combate ao desperdício da água. Os dois tinham ouvido sobre todos os problemas que a humanidade estava passando. Eles não entendiam direito como tudo aquilo poderia ter acontecido por tanto tempo e ninguém teria feito nada para mudar. Até que Marina explicou sua teoria.

-"Pedro, acho que eu finalmente entendi os adultos. Eles deixam tudo para resolver em cima da hora. É assim que tudo funciona" comenta Marina empolgada. "É como mastigar um chiclete de morango, no começo mastigamos o chiclete com toda força, queremos sentir o sabor do morango de maneira intensa, forte, queremos a todo instante ter aquela novidade, provar daquele sabor, mas com o tempo vamos vendo que o sabor vai sumindo, desaparecendo, e o que fazemos? Diminuimos as mordidas. Aos poucos vamos tentando extrair o máximo do restante, do final. Se estivessemos feito isso desde o começo poderíamos ter passado horas com aquele chiclete, no entanto, não pensamos assim. E vamos e jogamos fora aquele chiclete e colocamos outro na boca. É isso que está acontecendo com a água. No começo achávamos que era infinita até descobrir que tinha fim, e quando começamos a sentir a sua escassez, ficamos com medo e passamos a economizar. Mas foi tarde demais. Agora não podemos jogar no cesto como o chiclete e o que faremos agora? Eu não sei. Meu pai disse que vamos para outro planeta, espero que não seja mais um chiclete que vai para o cesto depois".

E pedro se mantém em silêncio.

A vida se despede com água de lágrimas.

Deus, livra-nos dos normais


Normais levantam, reclamam, vestem, irritam-se, xingam e
cumprimentam sempre da mesma forma.
Dão as mesmas respostas para os mesmos problemas.
Tem o mesmo humor no serviço e em casa.
Petrificam sorrisos no rosto, dão presentes sempre nas mesmas datas.
Enfim, tem uma vida estafante e previsível. Fonte para vazios e enfados.
Normais não surpreendem, não encantam.
Deus, livra-me dos normais.

(Augusto Cury)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Conversas

Hoje andava por um shopping da cidade quando ouvi uma conversa interessante. Uma menina por volta dos cinco anos conversava com sua avó, por volta dos 65 anos. As duas muito bem vestidas caminhavam elegantemente pelo shopping quando se depararam com uma vitrine de uma loja de celulares.

A menininha com voz suave e meiga parou e ficou encantada olhando a vitrine. Parecia encantada com todos aqueles aparelhos eletrônicos que via. Todos muito bem atraentes para os olhares tanto infantis como adultos. E até que veio o pedido.

"Vovó, a senhora poderia me comprar um tablet? Eu te dou oito reais para ajudar"

A avó que segurava a mão da menina deu uma bela risada e disse que naquele dia não, mas voltariam para ver. A elegante senhora nem ousara tentar pronunciar o nome do objeto e nem tentar saber o que seria. Ela simplesmente estava se deliciando em uma bela risada de contentamento e orgulho de sua netinha.

O rosto da nobre senhora tinha um ar de admiração e surpresa. As crianças de hoje tem cada vez mais sonhos de pessoas adultas, no entanto, já a inocência vai se perdendo... desaparecendo... em meio a tantas revoluções tecnológicas e de valores... No futuro teremos que preservar as boas netinhas...

quarta-feira, 16 de março de 2011

The dreams made you


A long time ago there was a small country that have never seen earthquake. The small country passed all days imagining how could be a earthshake and pray for god to see it.

One day at the summer, the earth started to shake and in a few seconds the floor slided and the small country and everybody who lived there met the power of the earthquake. They were terrified.

After that, the small country wished to never see another earthquake, it was too much for him. But god appeared and said "Now It was too late and every year you, Japan, will meet the power of the earthquake and the power of your wishes. So pass your story for other countries and teach them".

The dreams made you.

The end

sexta-feira, 11 de março de 2011

A mulher da mudança

Marilene Ferreira, era uma senhora de 60 anos que andava com vestimentas sempre discretas e uma voz suave e delicada. Era um exemplo perfeito do ideal feminino das décadas passadas, uma mulher recatada que passava horas e horas em sua casa preparando as refeições para seu marido e seus filhos. E assim foi levando durante décadas e décadas...

Marilene vivia na mesma casa fazia anos, não pretendia se mudar. Conhecia todos que moravam ali, até algo foi mudando, aos poucos seus vizinhos foram se mudando para apartamentos, seus filhos se casando e de repente seu marido chegou a falecer. Estava sozinha no mundo e teria que agora sair de casa e resolver todas as suas contas e procurar entender um pouco além de passar e engomar roupas.

No começo para ela era tudo muito complicado, as mulheres estavam totalmente diferentes, andavam com vestidos mais colados e mais curtos. Dirigiam seus próprios carros e não pensavam em se casar. Nas lavanderias a quantidade de homens e mulheres disputando uma máquina para lavar as roupas era a mesma. Os dois sexos andavam igualmente ocupados e disputavam por igual os mesmos empregos. Para a completa estranheza de Marilene.

A nossa personagem não sabia onde tudo aquilo teria se originado, quem teria sido a primeira mulher a tentar algo diferente e como ela teria feito. Ela ficou pensando no quanto as coisas mudaram e como teria sido sua história sem ter dedicado todo o tempo da sua vida ao seu marido e aos seus filhos. Então, ela teve a maior de suas dores de cabeça e resolveu retornar a sua residência.

Naquela noite, em sua oração pediu a Deus que a fizesse voltar para a década passada. Ela não suportaria viver naquela época em que o sexo feminino estava tão diferente, autônomo, independente. Ela não poderia suportar. Era pesado. E foi dormir.

Dormiu e sonhou que Deus teria resolvido atender seu pedido e ela retornou 40 anos de sua vida para o seu casamento. Ela agora estava com belos 20 anos, no entanto, foi no meio do juramento que o padre e conselheiro da região proferia suas belas palavras que Mari prestou atenção. Em suas palavras de Mestre, o ancião disse que "os dois noivos deveriam se amar independentemente da saúde ou da doença, da riqueza ou da pobreza, em perfeita harmonia e sintonia, deveriam estar em plena igualdade de sentimentos e de liberdade" e foi nesse momento que a Marilene de 60 anos e fora dos sonhos se questionou que em nenhum momento, a mulher deveria ser inferior ou subordinada ao homem. E ela acordou.

Acordou e foi lavar a louça, a roupa e a casa. E decidiu que sua vida poderia ter sido até então em vão, mas iria agora abrir a boca e dizer que ninguém nasce para viver para outro alguém. Ninguém é subordinado de ninguém. Somos todos livres, independentes. Podemos ir onde quisermos, por que temos meios para chegar e os nossos sonhos para nos guiar.

Marilene então decidiu que se casaria novamente. Queria o mais belo dos seus casamentos. Ela se casaria então com seus sonhos, com a sua própria companhia e não com outro homem.

Após a decisão, Mari conheceu 86 países em 10 anos e hoje vive em um asilo feliz das conquistas que teve e da vida que viveu. E se perguntarem para ela, se ela se arrepende de alguma coisa de ter feito, ela disse que se arrepende de não ter sido a mulher da mudança. A novata das idéias e das concretizações.

Perda de tempo

Se eu e você fechassemos os olhos, a boca e os ouvidos para tanta coisa, acho que seríamos felizes. E não precisaríamos estar sempre armados, munidos de rancor e ódio. Você viveria a sua vida e eu a minha. Nossas estradas poderiam voltar a se encontrar, mas nesse momento um bom dia ou uma boa tarde seria tudo o que nos envolveria e nos afastaria ao mesmo tempo.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Era apenas uma história para dormir...

Estava me preparando para dormir e um amigo meu me liga desesperado. Ele estava cansado de tudo e todos. Achava que tinha poucos ou nenhum amigo e me pediu para contar uma história. Confesso que li poucas histórias infantis, não que eu não gostasse, mas talvez por que me faltava vontade de trocar o computador ou a televisão pelos livros. Que tristeza. Mas mesmo assim inventei uma história, baseada em todas as histórias que ainda restavam na minha mente, e a história saiu mais ou menos assim.


Um menino vivia sozinho em seu próprio mundo. Desde criança aprendeu que poderia pintar o seu mundo inteiro da cor que mais gostava, plantar suas rosas e flores preferidas e escolher o canto dos pássaros. Por que era ele quem mandava naquele pequeno mundo. Foi crescendo e o mundo foi crescendo também, mas em proporções diferentes. Ele crescia muito mais rápido do que o mundo poderia crescer. Até que um dia, para sua surpresa, o mundo parou de crescer, e ele gigantesco para o mundo viu que teria que se mudar para um novo mundo, maior, mais espaçoso para pôr assim tudo o que ele gostaria de criar e construir para se satisfazer. E sendo assim construiu uma aeronave.

A aeronave tinha sua cor favorita como tudo o que existia no seu mundo. Ela era azul clara e no ar ficava transparente devido a semelhança com a cor do ar. E com a sua nave decidiu viajar. Ao sair do seu pequeno mundo, foi notando que a cada minuto o seu mundo parecia menor, as cores, e os objetos que ali estavam cada vez se tornavam mais imperceptíveis ao olhar, e logo desapareciam. E desaparecia também o seu mundo. Ele achava tão poderoso, tão grande de si, e de repente tudo o que ele conhecia e acreditava não estava mais visto. A sua vida tinha desaparecido.

Triste e desapontado com a irrelevância do tamanho das coisas, no primeiro momento decidiu que tudo o que vivera foi um erro, sua vida não fazia sentido. Tinha sido um ser medíocre e sem tamanho. Todas as horas que passou construindo e arquitetando seu mundo foram inúteis. Desejava um mundo maior, para assim todos do universo pudessem vê-lo e se orgulhassem de seu tamanho e competência. E sendo assim mudou o percurso da viagem e foi direto ao Sol, a estrela maior da constelação.

A cada segundo de aproximação do sol, seus sonhos aumentavam junto com o sol. E assim foi. Todos os outros planetas olhavam a cena cautelosamente, não era a primeira vez que assistiam aquela cena. Todos os dias, novos viajantes cheios de si, saíam das suas vidas para serem considerados os melhores, os deuses da vida. E assim se perdiam nos seus próprios sonhos. Mas o que elas não perceberiam, é que ao sonhar alto demais, e querer passar por cima dos outros, elas acabavam se tornando uma parte integrante de uma estrela maior, o SOL. E seriam para sempre coadjuvantes de outra vida.

Muitas vezes sonhamos alto demais, e não percebemos o quanto miseráveis somos. Não somos sóis ou luas de ninguém. Somos sonhadores, admiradores de um complexo infinito que só precisa de nós para preencher seus espaços vazios.

E o viajante se juntou aos outros viajantes e hoje brilham no céu. Os que aprenderam a importância da vida e a relevância das coisas se tornam estrelas cadentes e têm seus minutos de estrela e de novos sonhos.