quarta-feira, 14 de março de 2012

Sou do tipo de repórter que...

Sou do tipo de repórter que admira aqueles que com poucas palavras conseguem dizer tudo, afinal todo jornalista deve ser um pouco sensível a poesia - no sentido do bom uso da palavra;

Sou do tipo de repórter que quando vê algo errado, busca entender o que aconteceu com os personagens mais inesperados, um guardador de carro, um morador de rua, uma secretária, por que os 'grandes', entenda como atores principais ou os indicados das entrevistas, já sabem o que dizer e já sabem para onde seguir com a história, os outros, serão pegos de surpresa;

Sou do tipo de repórter que prefere perguntar muitas vezes a mesma coisa (de maneiras distintas) para entender a história com diferentes pontos de vista;

Chuva: a rival de toda e qualquer maquiagem


No Sertão, a chuva significa vida nova, novas esperanças. É agraciada como o tempo da boa nova, das novas colheitas e dos melhores tempos. É um presente de um bom Deus. Seria obra da Gaia na mitologia Grega, a deusa da natureza, da fertilidade.

Mas longe do sertão e da mitologia grega, as chuvas nos centros urbanos são o desmanche de maquiagens políticas, a desmistificação de heróis e o contraargumento de discursos oriundos das campanhas políticas.

As águas pluviais escondem buracos, entretanto, mostram falhas gritantes de administração, de promessas e acordos firmados com a população. As chuvas acabam com as pinturas baratas dos prédios e deixam expostas as estruturas falhas e velhas. Afinal, a chuva é, declaradamente, rival de toda e qualquer maquiagem, principalmente a política.

Então, quem tiver suas maquiagens que se cuide, o inverno está vindo com força total.

domingo, 12 de fevereiro de 2012


Uma pequena parábola/crônica que meus pais me contavam quando era pequeno e que vale a leitura.

Os sinais não tão divinos assim

Em uma pequena cidade do interior onde os moradores eram bem religiosos aconteceu uma inundação nunca vista na cidade. Quase todos os moradores conseguiram fugir, exceto uma senhora chamada Maria das Graças que era conhecida como a mais religiosa da cidade, do tipo de devota que não largava o crucifixo e vivia para ensinar os outros a palavra de Deus. Nada contra, até o final dessa história.

Quando contaram para Maria da inundação que estava por vir, Maria sempre dizia a mesma "ladainha": "Deus proverá e afastará todos os males de mim" e recusava todos os convites para deixar a cidade e partir em segurança. Um por um, até não restar mais ninguém.

Convicta dos seus ideias e das suas crenças, Maria assistiu a inundação da cidade, pouco a pouco a água invadia as casas, as fazendas e a igreja. Tudo começava a desaparecer com uma rapidez impressionante. A nossa crente percebendo que estava em um local baixo tratou de subir em uma árvore para não ser "engolida" pelas águas do rio. E começava a rezar pedindo para que todas as suas rezas não fossem em vão e que Deus fizesse com que o rio retornasse o seu caminho e que assim a salvasse.

Entretanto, sem que o rio abaixasse ou muito menos retornasse ao seu leito normal, um bote do corpo de bombeiros apareceu e ofereceu ajuda a nossa religiosa que com um ato de bravura indômita disse que não poderia largar aquela provação. "Deus iria ajudá-la. Jamais a abandonaria". E mandou que eles fossem embora sem olhar para trás. "Ela estava segura com Deus". E depois de algumas tentativas, os homens da guarda foram embora entristecidos por não terem salvo aquela velha senhora.

E hora após hora, a maré voltou a subir. E com ela, o volume das orações e das promessas também aumentavam. O desespero e o medo começavam a bater, mas ela dizia que nada iria fazê-la desistir. Ela já estava no galho mais alto da árvore, o único que a maré ainda não tinha chegado.

E de repente, um helicoptero apareceu e dentro dele quatro homens vestidos com uniformes azuis acenavam para Maria das Graças. Estavam felizes por ter encontrado mais uma pessoa e com ela mais uma chance de reviver as esperanças de uma vida.

Eles jogaram uma escada de cabos e perguntavam se era necessário descer para ajudá-la, pois tinha que ser muito rápido por causa da enchente. Era a última ajuda, a última esperança, e ela com lágrima nos olhos disse que não. "Deus não a deixaria ali" e quase ao mesmo tempo foi engolida pelas águas negras do rio.

Após algum tempo, ao saber que tinha morrido naquele dia, afogada, chegou ao céu e foi reclamar
 por que ele tinha a abandonado e ele respondeu: "Os homens esperam milagres, mas não vêem as pequenas obras que faço em nome deles, pequenos sinais. Os homens querem ser encantados com espetáculos, mas eu dei olhos para ver coisas simples e serem encantados por essas. Vocês que esperam demais e nada fazem. Se tivessem pequenos olhos continuariam a procurar grandes coisas, e se tivessem grandes olhos nada não veriam as pequenas".

Moral da história: pare de esperar algo divino, Deus faz muita coisa por você todos os dias. Você que não percebe.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Soberba e preconceito contra aquisições de sites de compras coletivas


Pronto. Compra efetuada. Estava esperando uma promoção de armações de óculos e finalmente apareceu uma. Como estudante universitário que tenta se manter com um estágio (é claro sem tentar pedir ajuda aos pais) aproveitei a oportunidade da compra e adquiri aquele objeto. Com o cupom em mãos fui à loja, chegando ao local fui informado por uma jovem atendente (muito simpática) que só estaria disponível no dia 02 de janeiro. Como não tinha nada o que fazer, esperei.

Finalmente o dia 02, voltei a loja de óculos localizada em um shopping da cidade para, de fato, pegar a minha compra e de quebra mandar fazer a minha lente no mesmo local, evitar outra saída e testar também os serviços daquela empresa - voto de confiança.  No local, sou informado que o cupom que estava em mãos talvez não pudesse ser aceito por que não tinha o código de barras (cabeça minha) e a mesma atendente sorridente disse que iria falar com sua gerente para o que poderia ser feito. E foi aí que me veio a surpresa.

Não estava esperando que algo miraculoso fosse feito, talvez algumas palavras como: "Senhor, infelizmente não poderemos aceitar por que não existe o código de barra, o que é necessário. Mas vá na lan house aqui do Shopping mesmo e veja lá em cima do cupom. Você volta e nós já começamos a fazê-lo", doce ilusão.

A gerente com todo o poder do balcão (seu pedestal de importância frente a outras atendentes) disse em alto e bom som (para não dizer quase gritando na frente de todos - inclusive alguns clientes que foram no mesmo intuito): "Mande ele voltar para casa e imprimir de novo. Ele acha que sou o que? Agora eu vi!!". E vendo aquela situação constrangedora,  a sorridente voltou sem jeito e disse que necessitava de código de barras.

Confesso que naquele momento não parei de olhar para a gerente com surpresa e ver como anda a qualidade do nosso atendimento. Agradeci a atenciosa jovem e disse que iria retornar a minha casa e imprimir novamente o cupom, agora o certo, por que eu não sabia que aquele não servia. E disse que infelizmente, quando voltasse só iria pegar a armação e nada mais e saí. A atendente me pediu desculpa disse que já tinha acontecido algo parecido antes.

Esse relato aconteceu hoje, 02 (segundo dia do ano), e quando compartilhei com alguns amigos, percebi que já se tornou uma história vivenciada por quase todos. Não falo apenas das compras realizadas em sites de compras coletivas (que são casos gritantes), mas de todo o atendimento/serviço de nossa cidade. Estamos acostumados com pessoas mal educadas, grosseiras nas lojas e não fazemos absolutamente nada.

Outro dia vi uma foto de uma jovem reclamando do mal atendimento de uma loja de sapatos em outra parte da cidade, dizendo que sua mãe e ela foram supostamente gritadas por uma gerente; depois uma amiga chegou a dizer que uma manicure não fez direito suas unhas por que não iria receber os 10% por que era do Peixe Urbano. Parece até loucura, mas está se tornando cômodo. "Invisto em sites de compras coletivas, dou promoção e eles que se virem".

Contudo, gostaria de explicar aos nobres colegas leitores que os sites de compras coletivas tem como objetivo principal a divulgação de seus produtos e serviços e não, como alguns pensam, a promoção. É uma ferramenta tecnológica que surgiu para facilitar e propagar novas empresas em um mercado cada vez mais competitivo e sem espaço para amadores (e grosseiros, diga de passagem).

Esse relato é para alertar donos de lojas e outros estabelecimentos de serviços que estão sendo oferecidos, pois se uma coisa é que vocês não são é prestadores de favores, mas de serviços que devem ser de qualidade; e aos clientes que denunciem sim, claro com todo o respeito e seriedade.

Se existe uma coisa pior do que entrar em uma loja e ser atendido de uma forma tão desumana, é descobrir que os que foram tratados assim não fazem nada para mudar.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Morro do Careca volta a ser ameaçado

O Rio Grande do Norte se configura como um dos principais destinos turísticos da região nordeste. O Estado das famosas dunas de Genipabu, da badalada praia da Pipa, da praia de São Miguel do Gostoso (eleita como uma das praias mais bonitas do mundo) e da famosa praia de Ponta Negra, vem sofrendo mais uma vez ameaças as suas atrações turísticas. Agora é a vez do Morro do Careca, principal cartão postal da praia de Ponta Negra que pode ter sua paisagem devastada para especulação imobiliária.

A proposta foi apresentada pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente, na figura do secretário João Bosco, que contou com o aval da prefeita Micarla de Souza - Partido Verde, que aumenta extraordinarimente de 2,91 hectares para 18,2 hectares a taxa de ocupação permitindo a construção de casas, hotéis, restaurantes no local. A área que alegam ser mínima corresponde a 48 campos de futebol (de área que pode ser devastada, destruída).

O Ministério Público Estadual discordou 100% da proposta. "Com essa proposta (da Semurb) seria melhor nem regulamentar" ponderou a promotora do Meio Ambiente Gilka da Mata. Para Gilka, a Promotoria do Meio Ambiente pretende transformar a Zona de Proteção Ambientel 6 em uma Unidade de Conservação Integral, com o nome de Monumento Natural Morro do Careca e Complexo Dunar Contínuo. Ou seja, nada de destruição.

A promotora argumentou que a Unidade terá fundos e gerência próprios, com uma infraestrutura exclusiva para manter a área e que não dependerá do poder público municipal, ou seja, sem ônus para a prefeitura de Natal e outros órgãos públicos, como a secretaria.

"Temos a faca e o queijo na mão para criar uma Unidade de Conservação. É só a população querer e participar das audiências públicas e encaminhamentos de emails para a Semurb nesse sentido" ressaltou Gilka.

Sendo assim, o projeto poderá ser encaminhado à Câmara Municipal de Natal para a sua apreciação e votação. Esperamos que ele não vire uma Operação Impacto II - o Retorno.


Obs: Qual foram os argumentos da prefeitura para essa proposta de construção/devastação? Em toda a audiência pública não ouvimos nenhuma...
Obs²: Ambas as propostas estão dependendo do secretário João Bosco, da prefeita Micarla de Souza e dos vereadores de Natal. O Ministério Público Estadual pode apenas recomendar, aconselhar.













domingo, 11 de dezembro de 2011

As três visões sobre o governo do RN

Oposição extremista: Esse governo não presta! Tudo está uma me... Vamos tirá-lo agora!

Situação extremista: A culpa é do governo anterior! Foi ele quem deixou esse caos! Não temos culpa!

Eleitor sem partido: A verdade é que um ano se passou e pouca coisa foi feita. "Ainda estamos esperando o fazer acontecer".

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Semiótica do machadão

Analisando o dia-a-dia da nossa frenética sociedade, percebi que estamos cercados de fatos e atitudes de segundos. Todos os dias as pessoas falam e fazem coisas que, aparentemente, não são propositais, mas que denotam certas características bem interessantes. Uma delas é a demolição do Estádio João Machado, mais conhecido como Machadão.

Aos que não se recordam, o Machadão foi construído há 19 anos pela então prefeita de Natal Wilma Maria de Faria. A construção era um triunfo para a capital potiguar, uma obra que dividia os créditos e que arrebatava os ânimos dos políticos que desejavam ser os padrinhos da obra e ver na pedra da fundação, seu nomes estampados.

Passado algum tempo, a construção, em formato de ondas do mar (um simbolo do nosso turismo que é sustentado pelo binômio sol e mar), foi visto como ultrapassado para um fenômeno altamente moderno, espetacular, século XXI. Então, viram que aquele monumento estava ultrapassado.

A prefeita que agora era governadora do Estado, Wilma de Faria, deu o aval para mais uma nova construção, a Arena das Dunas. No entanto, ao perder a eleição, a construção não aconteceu e acabou deixando a tarefa para a sua sucessora, Rosalba Ciarlini.

Rosalba, adversária ferrenha de Wilma (pelo menos no momento), tinha em suas mãos a missão de demolir aquela obra (como combinado)  e dar local ao novo estádio, agora chamado de Complexo esportivo. 


Não fizeram nenhum vídeo de "Adeus ao antigo Estádio" e, em menos de 21 dias - quando começaram de fato as demolições, ele já estava totalmente no chão.

Imerso em poeira e concretos marcados por assinaturas daqueles que nem sentiram falta e nem ao menos se importaram. O Machadão se foi sem deixar remorço, nem deixar culpa por nunca ter sido, de fato, amado.


OBS: Um pequeno grupo de estudantes, alguns que nunca foram ao Machadão, estão tentando chamar atenção do Poder Público para a construção do Museu do Machadão, eles defendem que uma das áreas do Complexo Arena das Dunas seja para preservar a imagem daquele antigo estádio e das histórias (amores, traições) que ali passaram.