quinta-feira, 3 de março de 2011

Era apenas uma história para dormir...

Estava me preparando para dormir e um amigo meu me liga desesperado. Ele estava cansado de tudo e todos. Achava que tinha poucos ou nenhum amigo e me pediu para contar uma história. Confesso que li poucas histórias infantis, não que eu não gostasse, mas talvez por que me faltava vontade de trocar o computador ou a televisão pelos livros. Que tristeza. Mas mesmo assim inventei uma história, baseada em todas as histórias que ainda restavam na minha mente, e a história saiu mais ou menos assim.


Um menino vivia sozinho em seu próprio mundo. Desde criança aprendeu que poderia pintar o seu mundo inteiro da cor que mais gostava, plantar suas rosas e flores preferidas e escolher o canto dos pássaros. Por que era ele quem mandava naquele pequeno mundo. Foi crescendo e o mundo foi crescendo também, mas em proporções diferentes. Ele crescia muito mais rápido do que o mundo poderia crescer. Até que um dia, para sua surpresa, o mundo parou de crescer, e ele gigantesco para o mundo viu que teria que se mudar para um novo mundo, maior, mais espaçoso para pôr assim tudo o que ele gostaria de criar e construir para se satisfazer. E sendo assim construiu uma aeronave.

A aeronave tinha sua cor favorita como tudo o que existia no seu mundo. Ela era azul clara e no ar ficava transparente devido a semelhança com a cor do ar. E com a sua nave decidiu viajar. Ao sair do seu pequeno mundo, foi notando que a cada minuto o seu mundo parecia menor, as cores, e os objetos que ali estavam cada vez se tornavam mais imperceptíveis ao olhar, e logo desapareciam. E desaparecia também o seu mundo. Ele achava tão poderoso, tão grande de si, e de repente tudo o que ele conhecia e acreditava não estava mais visto. A sua vida tinha desaparecido.

Triste e desapontado com a irrelevância do tamanho das coisas, no primeiro momento decidiu que tudo o que vivera foi um erro, sua vida não fazia sentido. Tinha sido um ser medíocre e sem tamanho. Todas as horas que passou construindo e arquitetando seu mundo foram inúteis. Desejava um mundo maior, para assim todos do universo pudessem vê-lo e se orgulhassem de seu tamanho e competência. E sendo assim mudou o percurso da viagem e foi direto ao Sol, a estrela maior da constelação.

A cada segundo de aproximação do sol, seus sonhos aumentavam junto com o sol. E assim foi. Todos os outros planetas olhavam a cena cautelosamente, não era a primeira vez que assistiam aquela cena. Todos os dias, novos viajantes cheios de si, saíam das suas vidas para serem considerados os melhores, os deuses da vida. E assim se perdiam nos seus próprios sonhos. Mas o que elas não perceberiam, é que ao sonhar alto demais, e querer passar por cima dos outros, elas acabavam se tornando uma parte integrante de uma estrela maior, o SOL. E seriam para sempre coadjuvantes de outra vida.

Muitas vezes sonhamos alto demais, e não percebemos o quanto miseráveis somos. Não somos sóis ou luas de ninguém. Somos sonhadores, admiradores de um complexo infinito que só precisa de nós para preencher seus espaços vazios.

E o viajante se juntou aos outros viajantes e hoje brilham no céu. Os que aprenderam a importância da vida e a relevância das coisas se tornam estrelas cadentes e têm seus minutos de estrela e de novos sonhos.

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